A Inês utiliza a bicicleta como meio de deslocação em Lisboa há já vários anos e pedala pelo país com frequência, tanto sozinha como acompanhada. Desta vez aventurou-se, a solo, pela Beira Baixa utilizando maioritariamente os tracks da Rede Nacional de Cicloturismo. ADOROU !
Texto: P. Guerra dos Santos
Fotos: Inês Sarti Pascoal
Aldeia histórica de Idanha-a-Velha. Secção 4.11 da Rede Nacional de Cicloturismo.
Viajar de bicicleta é uma actividade comum nos países da Europa Central e do Norte. Em média as famílias reservam todos os anos uma semana das suas férias para pedalar e descobrir lugares. Em Portugal este fenómeno está, desde há alguns anos, a ganhar cada vez mais adeptos e não é por isso de admirar verem-se cada vez mais viajantes a pedal, incluindo a solo!
É o caso de Inês Sarti Pascoal, 33 anos. Mestre em Urbanismo Sustentável e Ordenamento do Território, desloca-se diariamente em bicicleta pela Área Metropolitana de Lisboa. Não tem carro, mas faz com frequência viagens pelo país. De bicicleta e de comboio !
A viagem deste ano começou em Santa Apolónia, onde apanhou o comboio InterCidades para a Guarda, via Beira Baixa (a linha da Beira Baixa está encerrada para obras). Saiu na estação do Sabugal, apesar de esta pequena cidade ficar a mais de 20 km de distância. Seguiu depois até lá a pedalar, claro !
Espaço reservado para duas bicicleta, nas carruagens de 2ª classe dos comboio IC da Linha da Beira Baixa. A da esquerda é a de Inês que, por coincidência, não seguiu sozinha nos ganchos de apoio.
O planeamento da viagem foi simples: tinha um local de partida, o Sabugal, e um local de chegada, Castelo Branco. Pelo meio, era o que calhasse nestes 6 dias a pedal onde percorreu, nas calmas, 230 km.
"Muitas visitas a castelos e aldeias históricas durante a noite e banhos em praias fluviais e barragens durante o dia. Barracão, Rapoula do Côa, Vale das Éguas, Sabugal, Sortelha, Meimão, Penamacor, Penha Garcia, Monsanto, Idanha-a-Velha, Idanha-a-Nova e Castelo Branco foram as terras por onde passei", diz Inês numa das suas publicações nas redes sociais.
Estrada beirã a caminho do Sabugal. Secção 4.08 da Rede Nacional de Cicloturismo.
Em modo slow travel
"Por vezes na aldeia a velocidade também era marcada ao ritmo do rebanho de ovelhas. Pedalar no interior tem o seu encanto."
Percorria cerca de 40 km por dia, fazendo diversas paragens para absorver o ritmo dos locais e das suas gentes. Não dispensava um mergulho sempre que via um rio, ribeira ou albufeira. Chegou mesmo a pernoitar em alguns destes locais, onde montava a tenda ao pôr-do-sol e voltava a empacotar tudo em cima da bicicleta assim que o dia raiava. Ninguém dava por nada, desta forma.
Albufeira da Barragem de Idanha-a-Nova. Secção 4.08 da Rede Nacional de Cicloturismo.
Por sentir que este ano não está tão em forma diz: "Custou-me imenso a fazer todas as subidas aos castelos. Mas as descidas desses montes foram tão deliciosas por aquela sensação do vento na cara e a lágrima no canto do olho. São sempre sensações muito rápidas, o que perdura traumaticamente são mesmo apenas as subidas! Mas por vezes a velocidade também era marcada ao ritmo do rebanho de ovelhas. Pedalar no interior tem o seu encanto."
Nestes 6 dias, pelos vales e serras beirãs, acumulou mais de 3600 metros de altitude na sua bicicleta convencional.
Praia Fluvial de Vale das Éguas, no Rio Côa, um dos locais onde pernoitou em modo de campismo na natureza. Secção 10.7 da Rede Nacional de Cicloturismo.
Técnica de Geografia e Planeamento Territorial na FCSH, para além de extremamente activa na promoção da mobilidade sustentável, Inês tem também um vincado espírito de aventura fazendo questão de, durantes as suas viagens, fugir o mais possível às rotinas do quotidiano e até sair da zona de conforto que nos caracteriza durante o resto do ano. "Em modo ecológico, a pernoitar na minha tenda em aldeias e a banhos durante o dia, incrivelmente, esta semana nem sabão usei", ressalva.
Estradão que ladeia a Albufeira da Barragem de Meimão. Secção 4.09 da Rede Nacional de Cicloturismo.
E para quem tem receios de acampar a solo em locais não oficiais, diz: "Parece-me que o medo de acampar sozinha se resume a uma questão de percepção de segurança. Cada pessoa tem a sua. E mesmo acompanhada, a percepção de segurança para acampar num mesmo local pode variar consoante a pessoa com quem estejamos, se nos transmite maior ou menor segurança. Perceber e trabalhar com esta questão é meio caminho andado para a liberdade."
Vista de um dos "quartos de hotel" onde pernoitou, na aldeia histórica de Sortelha. Secção 10.6 da Rede Nacional de Cicloturismo.
Para quando tiver oportunidade e mais dias de férias, já tem definida a próxima aventura: rumar para sul e pedalar pelos vales do Rio Guadiana entre Beja, Serpa, Mina de São Domingos, Mértola, Alcoutim e Vila Real de Santo António.
Praia Fluvial de Penha Garcia, que detém a classificação de Geossítio. Secção 4.10 da Rede Nacional de Cicloturismo.
Inês viajou guiada por GPS com os tracks das Ecovias 4 e 10 da Rede Nacional de Cicloturismo, fazendo alguns desvios sugeridos pelo amigo Gonçalo Peres, também ele grande adepto das viagens em bicicleta.
Com orgulho, partilha a hiperligação do mapa de Portugal com os percursos por onde já pedalou. E não são poucos !!!
Obrigado pelo relato Inês.
Boas pedaladas!
Rede Nacional de Cicloturismo
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