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Foto do escritorPaulo Guerra dos Santos

Pedalar a dois ao longo da vida. E levar a guitarra junto.

Jöelle e Will (65 e 78 anos, respectivamente) há já várias décadas que viajam pelo mundo. E muitas das vezes fazem-no em bicicleta, até porque uma das grandes paixões de Will é contruir bicicletas para si, família e amigos. E até já fez um atrelado.


Alto Douro, Beira Alta e Beira Baixa foi a viagem de 3 semanas pelo norte raiano - com vista para Castela & Leão - que deu a conhecer o interior do país a este casal do Quebec, Canadá.


Fotos: Will e Jöelle


Rio Douro, visto da Ecopista do Sabor.


Já tinham estado em Portugal, mas pela primeira vez decidiram fazer uma viagem em bicicleta por cá. Como no Canadá vivem junto ao mar, fizeram questão de fugir a essa "monotonia" e ver envolventes cénicas de montanha, pelo que decidiram pedalar pelo interior do país, junto à fronteira com Espanha, seguindo maioritariamente as Ecovias 4 e 10 da Rede Nacional de Cicloturismo, acrescentando-lhes ainda um cheirinho dos tracks dos percursos para e-Bike junto ao Douro Internacional.

Esboço do Mapa Geral da Rede Nacional de Cicloturismo com o passeio planeado por Jöelle e Will (linha grossa a azul escuro).


Aterraram em Lisboa em meados de Abril e, depois de um dia para descanso e adaptação à diferença horária, rumaram ao Porto de comboio. Aqui tinham à sua espera duas bicicletas eléctricas que alugaram à Caminhos da Natureza e, já com elas, seguiram no Comboio Miradouro até ao Pocinho, experiência que só por si adoraram. E foi aqui, no actual términus da Linha do Douro (que seguia até Barca d'Álva e daí até perto de Salamanca) que começaram as pedaladas a subir a Ecopista do Sabor até Torre de Moncorvo, onde pernoitaram.


No dia seguinte fizeram toda a restante parte já recuperada desta ecopista até Carviçais, desviando para sul até Freixo de Espada à Cinta.

Pelo caminho pararam no Miradouro do Colado, onde a vista para a aldeia de Mazouco, Rio Douro e terras de Castilla & Léon merece uma longa paragem para contemplação.


Jöelle no baloiço do Miradouro do Colado, com vista para Mazouco e Douro Internacional.


Vista do Miradouro do Colado. Aldeia de Mazouco e Douro Internacional.


Continuaram depois até Barca d'Álva, onde fizeram questão de conhecer melhor esta zona de fronteira fazendo um passeio de barco, ladeados pelas escarpas selvagens do Douro, tendo assim aproveitado para descansar um pouco das pedaladas.


Ponte sobre o Rio Douro em Barca d'Álva.


Seguiu-se a subida para o Planalto Beirão, com a primeira paragem em Castelo Rodrigo.


Castelo Rodrigo. Beira Alta.


A viagem seguiu tranquila, em ritmo slow travel, junto à fronteira com Espanha. Almeida, Vilar Formoso e Sabugal foram também visitados assim como algumas aldeias em terras de nuestros hermanos.


Já na Beira Baixa escolheram a pacata localidade da Relva, mesmo no sopé da aldeia de Monsanto, para descansarem uns dias e aproveitarem um pequeno festival de músicas do mundo que aqui decorreu.


Will, Jöelle e as duas bicicletas com que fizeram esta viagem de 3 semanas a pedal pela zona raiana de Portugal, junto à casa onde pernoitaram na Relva.


A ideia era depois seguirem até Vila Velha de Ródão mas uma queda durante uma caminhada em Penha Garcia acabou por magoar Will, o que os fez decidir terminar por aqui o seu passeio.


Rumaram a Constança onde acabariam por ficar alguns dias a descansar, pois para além da beleza da vila, daí é fácil chegar a Lisboa de comboio, de onde apanharam o voo de regresso ao Canadá.


Mas há mais: para além do espírito de aventura que caracteriza este casal, transportam sempre consigo algo que os torna viajantes ainda mais felizes: a guitarra desmontável de Will. Sim, leu bem! Uma guitarra que permite desmontar o braço e o cabeçalho, cabendo tudo numa pequena mochila, sendo assim facilmente transportável no porta-bagagens da bicicleta.


Viajar de bicicleta e pelo caminho, num qualquer local no meio da natureza, ter momentos musicais a dois, já que a Jöelle acompanha com uma belíssima e bem afinada voz, faz desta forma de viajar uma experiência (ainda mais) memorável.


Will a tocar a sua guitarra desmontável, acompanhado na voz por Jöelle. Em Relva.


A maior surpresa: ao passarem pela pacata aldeia de Vilar Maior (a caminho do Sabugal), inesperadamente foram convidados pelos locais para assistir a uma festa dentro do castelo, com direito a desfile de cavalos, acordeonistas e uma mesa com comida e bebida à descrição, tendo ainda participado numa série de actividades com os habitantes. Por eles tinham lá ficado vários dias.


O mais belo, pelas palavras dos próprios: "The Douro Valley is hard to beat in terms of the beautiful landscape." (O Vale do Douro é difícil de superar no que toca à beleza da paisagem).


O que não mudavam: "Em Barca d'Álva há diversos navios de cruzeiro que vêm do Porto cheios de turistas a serem estragados com mimos. Ao vê-los pensámos: dificilmente eles poderão ser mais felizes que nós, aqui com estes prazeres simples e belas aventuras proporcionados pela bicicleta. Não trocávamos de lugar com eles por nada deste mundo".


De regresso a casa, enviaram um email a dizer o quanto adoraram pedalar por esta região do país, dizendo que estão já a planear a viagem de bicicleta do próximo ano. E que Portugal está novamente em cima de mesa como opção.


Serão muito bem vindos de novo, Jöelle e Will !!!


----- FIM -----

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