Já se pode pedalar, em toda a sua extensão, pelos 10.7 quilómetros desta antiga linha de caminhos de ferro que ligava por comboio as localidades de Montijo e Pinhal Novo.
Ecopista do Montijo na entrada norte do Pinhal Novo.
O antigo Ramal do Montijo, desactivado ainda no século passado e que serviu esta zona a sul do Estuário do Tejo durante 90 anos com comboios de mercadorias e passageiros, foi finalmente reconvertido, na totalidade da sua extensão, em Ecopista.
Ainda assim, foram mais de 30 os anos necessários para que fosse dada uma nova utilização a este corredor. Abandonado desde 1989, só agora os 2 municípios por onde passa concluíram a sua renovação para mobilidade suave, desporto e lazer.
Ecopista do Montijo à saída da antiga estação de comboios.
Com dois terços do percurso a serem feitos colados à estrada nacional EN252, é nos troços inicial e final que este passeio se torna mais agradável.
Depois de deixarmos o edifício abandonado, e a necessitar de restauro, da antiga estação de comboios avançamos por entre taludes ladeados por vestígios da que outrora foi a florescente indústria do Montijo, nomeadamente suinicultura. Apesar de faltarem ainda os arranjos paisagísticos, o novíssimo tapete de asfalto pintado de vermelho convida já a um agradável passeio.
Montijo.
Ao longo da EN252
"conseguimos (...) contemplar esta paisagem que, apesar de peri-urbana, nos mostra já um pouco do que é o Alentejo"
Pedalados apenas 1.5 km e saímos da zona central do Montijo entrando no troço de ecopista que segue colado à EN252, que basicamente é ladeada pelos armazéns de comércio, serviços e indústria locais. Ainda assim, um pouco mais à frente e apesar do tráfego elevado, conseguimos bastas vezes abstrairmo-nos do ruído dos automóveis e contemplar esta paisagem que, apesar de peri-urbana, nos mostra já um pouco do que é o Alentejo: Sobreiros, terras de cultivo e pastoreio abundam por aqui.
Avistamos ainda alinhamentos de Plátanos na beira na nacional, provavelmente do tempo em que a Junta Autónoma de Estradas, para além de colocar asfalto, também plantava árvores de grande porte para sombreamento, captação de CO2 e embelezamento da envolvente cénica.
Ecopista e EN252, ainda no concelho do Montijo.
Sensivelmente após termos percorrido 7 quilómetros entramos no concelho de Palmela, ao qual pertence a localidade do Pinhal Novo. E damos bem pela passagem uma vez que o município de Palmela optou, e bem dos pontos de vista económico e ambiental, por não gastar recursos a pintar de vermelho o asfalto que colocou como tapete.
Ecopista do Montijo - limite entre concelhos.
A partir daqui entramos numa fase da ecopista já construída há algum tempo, parte em 2015 e outra em 2019.
Vista sul-norte da ecopista à entrada para o Pinhal Novo.
No troço da ecopista já no concelho de Palmela, salienta-se a enorme plantação de Pinheiros Mansos, pequenas quintas com criação de vivos e claro, o afastamento do traçado em relação à EN252, contornando numa gigantesca curva todo o lado poente desta localidade, quase sempre rodeados de belíssimos sobreiros, alguns plantados recentemente.
Por fim, e para memória futura, a Câmara Municipal do Montijo deixou um pequeno vestígio do outrora corredor ferroviário, cerca de 5 metros de extensão deste antigo ramal de bitola ibérica.
Vestígios da via férrea em bitola ibérica.
Como chegar até à Ecopista do Montijo?
Se vem da Baixa de Lisboa, basta ir até ao Cais-do-Sodré a apanhar o cacilheiro para o Montijo. É uma viagem de 25 minutos que, só por si, vale bem pelas vistas rasantes para toda a frente ribeirinha da capital. O cais fluvial do Montijo fica a 3.5 km do centro desta cidade, chegando-se lá facilmente por uma via com tráfego reduzido a moderado.
Se vem de sul ou do planalto central de Lisboa apanhe um qualquer comboio, urbano ou InterCidades, até à estação do Pinhal Novo.
Atenção aos limites do número de bicicletas, tanto nos cacilheiros como nos comboios.
Bicicletas em local próprio dentro do cacilheiro moderno entre o Cais-do-Sodré e o Cais Fluvial do Montijo.
NOTA FINAL: Muita atenção nos cruzamentos com vias de tráfego - e são bastantes - pois a sinalização está feita para dar prioridade aos automobilistas e, quando isso não acontece, apenas existem passadeiras que dão prioridade ao peão, mas nunca ao ciclista. MÁXIMA ATENÇÃO por isso nos cruzamentos e respeite a sinalização.
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Texto e fotos por Paulo Guerra dos Santos
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