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Ecopista do Corgo e Ecovia Transfronteiriça Chaves-Verín

Atualizado: 16 de abr.

De Vila Real a Verín, na Galiza, é possível pedalar junto aos Rios Corgo e Tâmega, tanto pelo antigo ramal ferroviário da Linha do Corgo, como pelos caminhos agrícolas que ladeiam o Tâmega. Ou Támega, como lhe chamam os Galegos.


Texto e fotos: P. Guerra dos Santos


Futura secção 3.01 da Rede Nacional de Cicloturismo, de Chaves a Vila Pouca de Aguiar.

Um grupo de 23 pessoas - 18 adultos e 5 crianças - percorreu o norte de Portugal e a Galiza em bicicleta. Deste passeio de vários dias a pedal, parte foi ao longo da Ecopista do Corgo e Ecovia Transfronteiriça Chaves-Verín, 3 secções da Rede Nacional de Cicloturismo, uma delas a ser incorporada em 2023.


Vamos então às pedaladas.


Arrancámos depois de comer algo na esplanada do Restaurante Meia Laranja, mesmo por trás da antiga estação de comboios de Vila Real. A passagem por esta cidade e capital de districto faz-se pelo antigo corredor ferroviário que levava comboios de Peso da Régua e Chaves, uma vez que está pavimentado em asfalto. O único cuidado é mesmo o cruzamento com a EN15 uma vez que é em curva e os carros circulam com velocidade elevada. Há que atravessar com todos os cuidados e, porque não, fazer "rolha" de um lado e do outro.


Ecopista do Corgo, Vila Real.


Depois de sairmos do perímetro urbano o pavimento passa para macadame. Está bem compactado, tendo sido "polvilhado" com gravilha fina. Rola-se bem e em segurança, pois toda a gente tem pneus com rasto.


Ecopista do Corgo a norte de Vila Real.


Seguimos viagem tranquilamente. Apesar de estarmos em zona de serra e termos cerca de 15 km em subida, as inclinações nunca ultrapassam os 2.5%, pois esta era a inclinação máxima para a qual os comboios antigos conseguiam ter potência para subir e poder de travagem para descer.

Alguns quilómetros mais à frente o antigo ramal desaparece por baixo da autoestrada A24. Mas não se apoquentem pois foi criada alternativa paralela à mesma.


E é já a entrar no concelho de Vila Pouca de Aguiar que somos brindados duplamente: no preciso local onde mudamos de concelho o pavimento passa a asfalto e existe uma nascente de água fresca. Neste concelho sentimos que os viajantes em bicicleta são muito bem tratados. Diria mesmo quase mimados.

Depois de atestarmos os cantis e de descansar um pouco, seguimos viagem.

Ecopista do Corgo, a poucos quilómetros e Vila Pouca de Aguiar.


Quatro quilómetros antes de Vila Pouca de Aguiar, na aldeia de Parada de Aguiar, existe um albergue. Construído numa antiga escola primária, tem 16 camas em camaratas, uma cozinha comum e claro, duche quente. Funciona por donativos, cada um dá o que quer por noite. Brutal !

Alguns de nós ficam por aqui, outros seguem para dormir na vila.



A expectativa

"E eis que chega o grande momento do passeio: o "gancho" de Loivos"

O dia seguinte é de expectativa para mim. Tinha lido algures que, finalmente, tinha sido arranjada o troço final da ecopista até Chaves. E não fiquei desiludido.


A saída de Vila Pouca de Aguiar faz-se sem percalços sendo praticamente 23 km de descida suave. Um dos pontos altos deste passeio é a passagem por Pedras Salgadas, o local onde brota a famosa água com gás. Não perdemos a oportunidade de visitar o belíssimo parque verde com uma enorme biodiversidade de espécies arbóreas e claro, beber um pouco desta água au naturel. Aqui com direito a cheirinho, de enxofre, claro!


Parque de Pedras Salgadas.


Nascente da água gaseificada Pedras Salgadas.


Este parque verde tem casas de banho e até um parque infantil, o que para os miúdos é óptimo. Depois de atestar o cantil com água das pedras (não convém abusar, claro!) seguimos viagem.



E eis que chega o grande momento do passeio: o "gancho" de Loivos, onde outrora os comboios ziguezagueavam para ganhar/perder cota, está finalmente arranjado. Foi um matagal durante 30 anos, desde que desactivaram esta linha, mas agora está LINDO !!!


Ecopista do Corgo, na parte superior antes do "gancho" de Loivos.


Ecopista do Corgo, já cá em baixo próximo de Oura.


Descer este troço da ecopista é qualquer coisa de surreal. Para além da beleza da envolvente cénica conseguimos ver diferentes níveis da ecopista à medida que a percorremos. Vale a pena parar diversas vezes para apreciar cada instante. ÚNICO !!!


Logo depois de passarmos Vidago encontramos um novo rio (que também tem direito a ecopista, mas esta fica mais a oeste), o Tâmega. Atravessamo-lo por duas vezes. A primeira pela antiga ponte ferroviária e a segunda por um pontão, já fora da ecopista. É que a 5 km de Chaves o corredor ferroviário basicamente desaparece. Por estar ocupado por privados, a servir de estrada de acesso a armazéns e indústrias ou simplesmente abandonado, a Câmara Municipal de Chaves optou por arranjar os estradões agrícolas na margem esquerda do Tâmega. E em boa altura o fez, pois assim podemos fugir a uma certa monotonia que se sente ao percorrer estes antigos e longos ramais ferroviários e pedalar ladeado pelo rio e pelas zonas agrícolas da região. Tem algum sobe-e-desce, mas curto.


Ponte sobre o Rio Tâmega, ainda na Ecopista do Corgo (não confundir com a Ecopista do Tâmega. Confuso?)


Pontão sobre o Rio Tâmega.



Estes 5 novos quilómetros de estradões ao longo do Tâmega vêm juntar-se à já existente Ecovia Transfronteiriça Chaves-Verín, que percorreríamos no dia seguinte.

Em Chaves a entrada faz-se pela muito bem naturalizada frente ribeirinha (pena é tantos carros lá chegarem perto) terminando na Ponte de Trajano.

O jantar só poderia ser na Pensão Flávia, sugestão do amigo flaviense Alcino Sá. Aqui come-se o que dá na real gana do chefe (não há menu sequer) e paga-se que se quiser. E ainda temos direito a ouvir o Sérgio (o chefe) a cantar música de intervenção. Inesquecível. Cada um de nós fez um donativo de 20€, alguns mais até, tal a experiência degustativa/sensorial. O bom vinho também ajuda à experiência, claro!


O dia seguinte continua com pedaladas junto ao Tâmega. Desta vez com mais um viajante, pois junta-se a nós o flaviense José Luís Magalhães, conhecedor da terra e também ele viajante em bicicleta. Mostra-nos pequenos segredos que por aqui existem.


Ecovia Transfronteiriça Chaves-Verín. Portugal.


Ao longo da ecovia ainda no lado português, avistam-se diversos lagos, mas são artificiais. Resultam das crateras de extracção de areias, agora desactivadas. São excelentes pontos de observação de aves rodeados por vegetação luxuriante. Pequenos e graúdos deliciam-se com estes avistamentos.


Ecovia Transfronteiriça Chaves-Verín. Portugal.


Para nos sentirmos um pouco como os antigos contrabandistas que por aqui ganhavam a sua vida há algumas décadas atrás (andavam com bacalhau às costas), decido sair da ecovia e seguir por um caminho de pé posto. Leva-nos a cruzar a fronteira por aquele que será um dos mais curtos pontões de fronteira entre os dois países ibéricos.


Fronteira Luso-Galaica, sem controlo aduaneiro.

Dada a geografia política da zona mais à frente entramos de novo em Portugal e voltamos a sair quase de imediato, por entre algumas aldeias raianas. Não avistámos, porém, contrabandistas.


Estradão agrícola. Galiza, Espanha.


Ao fundo o Castillo de Monterrei. Verín, Galiza.


O percurso segue sem sobressaltos até Verín, onde nos espera uma agradável praia fluvial.

Praia fluvial de Verín. Galiza.


No total, de Vila Real a Vérin são 108 km, o que tornará este percurso na mais longa ecopista/ecovia englobada na Rede Nacional de Cicloturismo, assim que na Primavera de 2023 lhe seja adicionada a secção de Vila Pouca de Aguiar e Chaves.


---- FIM ----


 

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