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Foto do escritorPaulo Guerra dos Santos

De Grândola a Faro - Umas férias em bicicleta com família e amigos.

Atualizado: 19 de set.

* For english please use automatic translator.


Desde 2012 (ano que fizémos o mítico Lisboa-Badajoz em 7 dias) que todos os anos reservamos uma semana para fazer umas férias em bicicleta pelo país. Este ano não foi excepção. Este é o relato (e as fotos) de um passeio de 6 dias que contou com 6 adultos e 3 crianças.


Texto: P. Guerra dos Santos

Fotos: P. Guerra dos Santos e Liliana Ferreira

A sul de Boliqueime, Algarve.


A tradicional semana a pedal que todos os anos faço com família e amigos foi este ano pelas secções sul da Ecovia 2, numa viagem de 6 dias que começou no Alentejo e terminou no Algarve. Não fomos junto à costa, que já fizémos no passado, mas por um interior afastado a uns 30 km, o que significa estar suficientemente longe da massificação turística (e do tráfego automóvel) típica desta época na faixa junto às praias atlânticas. Éramos 6 adultos e 3 crianças. Duas delas já pedalam autonomamente. A outra, que fez 4 anos durante o passeio, seguiu no atrelado.


Dia #1 - De Grândola à aldeia de São Domingos


O trilho original que desenhei para este primeiro dia de aventura marcava 30 km a direito de Grândola a São Domingos e sempre em asfalto, mas uns "pequenos" desvios que queria explorar acabaram por nos dar a conhecer 70 kms de estradas e estradões por um Alentejo que só se conhece fora das estradas nacionais e de outros itinerários de grande velocidade rodoviária. O dia terminou assim pelas 18:30h (foi o mais longo destas férias) mas dando ainda direito a uns mergulhos na piscina do hotel.


Logo à saída de Grândola, que se faz por uma passagem superior exclusiva a peões e ciclistas, visitámos as ruínas de uma barragem romana (nunca tinha visto nenhuma) o que nos deixou bem perplexos com a capacidade técnica na construção de muros de contenção com contrafortes há 2000 anos atrás. No lado jusante tem uns bons 5 metros de altura, exclusivamente em rocha não talhada.


Depois de sairmos do asfalto, passámos pelas ruínas das Minas do Lousal, que é bem interessante para quem como eu gosta de arqueologia industrial, nomeadamente pelas estruturas em decadência, tanto em betão como em aço. Tem também vestígios de um antigo ramal ferroviário mineiro, que ligava à linha do Sul, mesmo ali ao lado.


Seguiu-se Ermidas do Sado (onde páram comboios IC e Alfa a caminho de Faro e Lisboa) e logo a seguir Alvalade (a do Alentejo, claro). Aqui, depois de atravessarmos a Ribeira de Campilhas quase sem molharmos os pés, visitámos a Ponte Medieval de Alvalade.

Seguimos depois pelos arrozais das ribeiras que afluem ao Rio Sado, aqui uma pequena linha de água, até chegarmos à aldeia de São Domingos, bem pacata com um único alojamento turístico (Casas da Moagem) e um restaurante para nos servir um belo repasto ao jantar. A noite terminou com a primeira (de muitas) degustações de aguardente de medronho. Uma maravilha.


   Monte do Cailogo, a caminho das Minas do Lousal. Alentejo.


   Ribeira de Campilhas, próximo de Alvalade. Alentejo.


Dia #2 - Da aldeia de São Domingos à vila de Colos.


Depois de um primeiro dia de pedaladas que excedeu largamente as expectativas (o Alentejo NUNCA desilude) bem como a quilometragem, hoje fizémos apenas 30 km. Mas nem por isso a quantidade de nova informação a que o cérebro esteve sujeito foi menor.


A saída de São Domingos faz-se ao longo de um estradão em muito boas condições para a prática de viagens em bicicleta. O modo "viajar devagar" é o que mais praticamos nestes passeios de descoberta (a nossa média em viagem, incluindo paragens, raramente ultrapassa os 10 km/h). Foram cerca de 7 km sem nos cruzarmos com carros, avistando aqui e ali casas isoladas e os seus respectivos habitantes. Ainda há eremitas que gostam de viver isolados, tendo apenas como companhia a natureza de características semi-desérticas como o é o Alentejo.


Chegamos à Barragem de Fonte de Cerne, que este ano dada a pluviosidade cria um belo espelho de água. O sol ainda não vai demasiado alto, pelo que proporciona belíssimos padrões de verde vivo ao bater nos pinheiros mansos. Seguimos agora em asfalto até à Ribeira de Campilhas, uma das muitas que afluem ao Sado por aqui, cujo leito de cheia é usado para cultivo de arroz. Pedalamos ao largo de um destes campos. Depois de 1 km em estrada nacional de segunda ordem, chegamos à aldeia de Bicos, onde paramos para refrescar.


Para evitar mais quilómetros por nacional, ainda que com tráfego reduzido, desviamos por um estradão de serventia rural. E aqui, já no final de uma pendente tramada, um de nós parte a corrente. Sim, a corrente, algo tão vital numa bicicleta!

Já com a corrente na mão e ainda sem sabermos muito bem o que fazer (nunca ninguém se lembrou de trazer uns elos extra nem uma chave para abrir/fechar a corrente) passa uma carrinha de pronto-socorro daquelas de assistência em viagem automóvel e, imaginem, o condutor parou, sacou de uma pequena bigorna e com uma chave de bocas (bem grande por sinal) dá umas marteladas valentes no elo e consegue pô-lo no sítio a funcionar !!! Maravilha de gente que ajuda o próximo.


Seguimos agora calmamente viagem por asfalto até Colos, uma pequena vila bem catita com um turismo rural digno de reis, a Dias Distintos, onde fomos tratados pela família proprietária como se fossemos família também. Tem uma piscina com vista para os montes e montados de sobro e servem lá um jantar como só no Alentejo se consegue ter. E o digestivo, perguntam vocês? Só podia ser, claro, uma aguardente de medronho de produção local. Fomos dormir de alma cheia. E de estômago também.


   Campos de cultivo de arroz, agora secos, próximo de Bicos. Alentejo.


Estradão com avistamento para a Vila de Colos. Alentejo.


   Os "especialistas" a tentar perceber o que raio aconteceu e como resolvê-lo !


Dia #3 - Da vila de Colos à Barragem de Santa Clara.


O terceiro dia de pedaladas prometia mais informação para o cérebro processar. E logo à saída de Colos, por sugestão do Tomás (proprietário da Dias Distintos) seguimos pelas traseiras da herdade ao longo de estradões em muito bom estado. Não nos arrependemos, pois o reduzido ângulo azimutal do sol pela manhã proporcionou tons incrivelmente quentes ao bater na terra barrenta, tão característica desta região.

Seguimos de alma cheia e com temperaturas frescas (não apanhámos mais de 30ºC em todos estes 6 dias de pedaladas) até chegarmos a um local que fazia questão de visitar: a Tamera. Isolada no meio de montes e bem afastada das zonas de tráfego automóvel, esta é uma comunidade que preza pela espiritualidade e ligação à natureza. Cultivam muito do que comem, armazenam a sua própria água e dão cursos em áreas tão distintas como a Gestão da Água ou a Libertação Espiritual. Passamos sem fazer barulho, respeitando os que por aqui estão.


Seguimos depois por entre estradas asfaltadas de reduzido tráfego automóvel passando por aldeias, lugarejos e montes, ladeados por aquilo que o Alentejo tem de melhor: serenidade. Pelas 14:00h e já depois de seguirmos bem perto da Linha do Sul (até avistámos comboios) chegamos a Luzianes. Esta aldeia tem estação de comboios, mas estes não páram cá. Por sorte, um dos poucos cafés da aldeia uma vez por semana monta umas mesas e bancos cá fora e faz um churrasco. É uma das formas de, pelo menos uma vez por semana, verem a aldeia animada, já que nem pessoas a partir ou a chegar de comboio há. E hoje era o dia ! Nem pensámos duas vezes e juntámo-nos à festa, ficando na palheta a conversar com os donos. E a comer, claro.


Daqui, o meu track faz uma pequena volta, não só para evitar a EN266, mas para seguir até à Barragem de Corte Brique, cujo vale a jusante é digno de ser percorrido. Praticamente zero carros, asfalto velho e pequenas serras por todos os lados. Mais à frente, a aldeia de Santa Clara-a-Velha e por fim, depois de 4 km em subida, chegamos finalmente ao Hotel de Santa Clara, onde pernoitamos.


Mas a soberba vista para esta barragem, não longe da bacia hidrográfica onde nasce o Rio Mira, não era a única boa surpresa. O jantar também o foi, servido junto à praia fluvial no Restaurante Sobre Rodas, um projecto interessantíssimo onde se transformou um autocarro em restaurante. E que belos petiscos tinha !

Ah! E com direito a digestivo. Sim, adivinharam: aguardente de medronho.


   Estradão à saída da Vila de Colos. Alentejo.


   Vale a jusante da Barragem de Corte Brique. Alentejo.


   Vista do hotel para a Barragem de Santa Clara. Alentejo.


Dia #4 - Da Barragem de Santa Clara a São Bartolomeu de Messines.


Este é um dos passeios míticos que todos os portugueses deveriam fazer, pois trata-se nem mais nem menos do que a passagem da Província do Alentejo para a Província do Algarve. E que dia este !


A saída da barragem é pacífica, pois são uns bons 5 km sempre a descer em asfalto, com reduzido tráfego automóvel, até Santa Clara-a-Velha. Por sinal uma bem bonita aldeia ladeada pelo Rio Mira, que até tem estação de comboios ... e comboios! Seguimos depois para sul pela EN266 (carros quase nem vê-los) da qual saímos 5 km mais à frente, seguindo pelos estradões agrícolas que ladeiam, imaginem, a Linha do Sul. Não faltaram por isso avistamentos a comboios de quase todo o tipo, excepto comboios regionais que, incompreensivelmente, não existem nesta que é única linha ferroviária de ligação da capital à província mais turística do país, o Reino dos Algarves.


Mas de volta à experiência: existe qualquer coisa de especial sempre que passamos de uma província para outra. Talvez seja pela mudança de pronúncia e de gentes, talvez pela mudança de clima ou de hábitos culturais, mas é sempre uma conquista observar esta mudança. Neste caso, para além das gentes, dos hábitos e costumes, é mesmo a envolvente cénica que parece mudar assim que passamos a linha de fronteira: dos montes e montados de sobro do Alentejo aos solos de xisto solto carregados de Esteva, bem como as ribeiras secas, muitas sem qualquer vestígio de água.


Felizmente para nós, esta é uma das zonas em que se pode entrar na região do país que mais tempo esteve sob o domínio dos Árabes sem termos de subir muito. Talvez por isso tenham escolhido também fazer por aqui o traçado da linha de comboio.

Shegamos assim à aldeia de Pereiras (o "Sh" é apenas para dar um ar arabesco à palavra), a última antes de entrarmos oficialmente no Algarve serrano. Paramos aqui para refrescar seguindo depois pelo caminho municipal CM1190 sempre em asfalto até São Marcos da Serra. E voilá, Algarve !


Depois de um almoço leve e para evitar seguir pela única estrada que sai para sul, o IC1, desviamos pelos vales a nascente desta via de elevado tráfego automóvel, meio em asfalto meio em terra e gravilha compactadas (há quem lhes chame gravel, a nova moda na utilização de estrangeirismos), na prática um piso fácil de rolar mesmo para putos de 8 e 9 anos e até para quem puxa um atrelado com uma criança de 4 anos lá dentro.


E hoje finalmente sentimos pela primeira vez calor. Este ano como é sabido não houve ainda ondas de calor extremo, mas pedalar pelas 15:00h em estradões de terra seca pela zona serrana do Algarve significa levar com o calor do sol no lombo e também com o calor reflectido pelo pavimento na cara. Sombras nem vê-las, que por aqui a vegetação é cada vez mais rasteira.


Depois de cruzarmos de novo o IC1, passamos por um dos braços da Albufeira da Barragem do Funcho, alimentada pela Ribeira de Arade que mais à frente passa a rio com o mesmo nome. Estava seca que nem um carapau da Nazaré !

Daqui seguimos calmamente até ao destino de hoje, São Bartolomeu de Messines, onde já se sente a atmosfera de quem tem quase todo o ano temperaturas amenas, tanto no ar como na água.


Pernoitamos na Bartolomeu Guest House, mesmo no centro, que recomendo pela qualidade e limpeza, pelo preço e acima de tudo por ter um restaurante maravilhoso mesmo por baixo dos quartos !!!

Têm também aguardente de medronho ;)


   Estradão e vale junto à Linha do Sul, a sul de Sabóia. Alentejo.


   Estradão e vale junto à Linha do Sul, próximo de Pereiras. Alentejo.


   Estradão e vale a nascente do IC1, próximo de Vale Longo. Algarve.


Dia #5 - De São Bartolomeu de Messines a Boliqueime.


Desde o primeiro dia de pedaladas que temos vindo a seguir os tracks da Rede Nacional de Cicloturismo. Foram as secções 2.19 a 2.23, ainda que as paragens não tenham sido exactamente as sugeridas no road book 2024, dada a reduzida oferta de alojamentos e restaurantes com capacidade para este grupo (o que torna este passeio ainda mais especial, longe da massificação turística). Mas hoje, a primeira etapa pedalada na íntegra no Algarve não está definida na rede, sendo uma alternativa à secção 2.24 (que liga São Bartlomeu de Messines a Portimão passando por Silves) mas que deverei incluir na rede em 2025 como alternativa para quem quiser pedalar em direcção a Faro.


Assim o dia começou com uma subida em asfalto, seguindo para poente de São Bartolomeu de Messines, a única possível para fugir ao elevado tráfego rodoviário que já se começa a sentir por aqui. Mas nada de grave pois a etapa de hoje tem apenas 30 km, o que permitirá dar entrada no hotel logo a seguir ao almoço e usufruir da piscina (um dos truques que usamos para cativar os putos a alinhar nestas aventuras).


Em Monte Boi viramos então para sul, seguindo pelos estradões que dão acesso a zonas agrícolas de cultivo diverso. Umas com agricultura de subsistência, outras já com as monoculturas como as de abacate (as tais que sugam boa parte da pouca água que por aqui há). Logo mais à frente "encostamos" de novo à Linha do Sul, cruzando-a depois para sudeste, rumo que seguimos praticamente até final.


Cerro das Taipas, Joinal, Barrocal, Mouricão, Carrasqueiro e Lentiscais são apenas alguns dos povoados que cruzamos, alternando a terra batida com asfalto. Cafés nem vê-los, que os poucos que há estão junto à EN270, que evitamos pelo tráfego já considerável.

Chegamos por fim ao vale da Ribeira de Algibre. Bem bonito por sinal, com olival tradicional e campos de erva seca.


Segue-se daqui a subida em asfalto para cruzar as serras que estão entre nós e o nosso destino. Nada de mais, pois desenhei um track com apenas 100m de acumulado de subida e inclinações inferiores a 5%. O pouco tráfego que havia eram já os trabalhadores a sair para irem almoçar. Que foi o que nós fizémos também assim que passámos pelo Restaurante Adiafa, em pleno caminho junto à EM1181.


Depois do repasto, foi basicamente sempre a descer até ao Hotel São Sebastião de Boliqueime. Depois de fazer check in, desmontar os alforges e arrumar as bicicletas foi passar a tarde na piscina, na brincadeira entre miúdos e graúdos.

Para o jantar foi-nos sugerida a Hamburgueria Baríssimo. Excelente decoração, musica ambiente das décadas de '80 e '90 (algumas a obrigarem a puxar pela memória para adivinhar o cantor ou a banda) e os hambúrgueres deliciosos. Tem também aguardente de medronho, que faz bem à tosse.

   Estradão e zonas de cultivo a sul de Monte Boi. Algarve.


   O mesmo estradão, um pouco mais abaixo. Algarve.


   Linha do Sul, próximo de Cerro das Taipas. Algarve.


   Vale da Ribeira de Alte. Algarve.


Dia #6 - De Boliqueime a Faro.


O último dia das férias a pedal que todos os anos fazemos com amigos e família (o primeiro pode dizer-se foi o mítico Lisboa-Badajoz em 2012) seguiu maioritariamente pela secção 20.3 da Rede Nacional de Cicloturismo. Há já algum tempo que queria voltar a percorrer este eixo, pois sabia que novos passadiços e caminhos tinham sido abertos, principalmente junto à Ria Formosa.


Saímos de Boliqueime para sul, sendo obrigatório cruzar a EN125, uma das que maior taxa de sinistralidade rodoviária tem no país. Felizmente cruzamo-la em rotunda, o que acalma substancialmente o tráfego automóvel algo acelerado por aqui. Chegamos rapidamente ao leito de cheia (nem se se se pode dizer isto, pois raramente há muita água) da Ribeira de Quarteira, que seguimos até à Praia da Falésia. O dia não está quente e o sol nem se vê, tapado por nuvens altas. Melhor assim com pouco calor !


Seguimos finalmente pela costa, cruzamos a Ribeira de Quarteira pela ponte ciclo/pedonal, dando SEMPRE prioridade aos peões, e chegamos à tão afamada Marina de Vilamoura. Caramba, por aqui um Porshe Carrera parece um carro de classe média, comparando com outros de luxo bem superior que avistamos. Acresce os muitos e bem apetrechados iates e veleiros que por aqui atracam e percebe-se que esta é uma das zonas de maior ostentação de riqueza económica da região. Paramos para beber uma cerveja num bar irlandês, que já transpirámos um pouco (não sei se por causa das pedaladas ou se pelas incríveis máquinas que avistámos).


Depois de contornarmos toda a marina, seguimos viagem pelas novas ciclovias junto a também algumas novas urbanizações costeiras, passando pela Praia de Vilamoura e de seguida Quarteira. Depois de contornarmos a Foz do Rio Almargem, entramos de novo num outro mundo: Vale de Lobo.

Credo! Impressionante a quantidade de casas que mais parecem palácios e palacetes. Campos de golfe e de ténis à farta e arruamentos muitíssimo bem arranjados tanto paisagisticamente como com as tão desejadas medidas de acalmia de tráfego: passadeiras sobreelevadas e traçados sinuosos aos ziguezagues aliados a passeios largos e algumas ciclovias. Até ficamos com a ideia que os ricos dão valor a um bom urbanismo e à segurança rodoviária e que morrer na estrada é coisa de pobre.


Paramos para almoçar numa pizaria na Praia da Garrão, pois os miúdos adoram esta iguaria de origem italiana. Seguimos depois pelos tais novos passadiços que agora por aqui abundam, construídos sobre as dunas ou zonas lodosas da Ria Formosa, que basicamente começa aqui, seguindo depois para nascente. E que maravilha: fora do tráfego automóvel, seguem paralelas à costa, com alguns ziguezagues para contornar sapais. Talvez por ser Sábado, são às centenas as pessoas que por aqui caminham e passeiam de bicicleta, numa sã convivência. Apenas um senão: quem projectou os passadiços não é certamente utilizador das mesmas, pelo menos em bicicleta. É que os obstáculos que colocaram no início e no final de cada troço para impedir a entrada de veículos automóveis são ridiculamente estreitos, obrigando quem traz um atrelado a fazer uma ginástica tremenda para a frente e para trás, e até a ter de levantar o mesmo. Ó senhores projectistas, quando se cria uma infraestruturas destas para favorecer a mobilidade suave, é ridículo criar obstáculos para prejudicar a mesma. Mas isto sou eu a falar, que sou um humilde engenheiro de projecto de estradas.


Alguns quilómetros adiante e pelo menos uma dúzia de vezes depois de arrastar o atrelado para passar nos obstáculos, chegamos à Praia de Faro. Nunca aqui tinha estado e foi agradável ver que há uma via, em passadiço, exclusiva a peões e ciclistas para lá chegar. Aproveitamos para refrescar, sabendo que de seguida vem outro ponto alto do dia: a passagem ao largo do Aeroporto de Faro. Contornamo-lo pelo lado sul, com a Ria Formosa de um lado e o constante aterrar e descolar de aviões do outro. Há também ainda salinas activas, pelo que é mais uma razão para fazer este percurso. Os miúdos ADORAM estar tão perto da pista e dos aviões, o que para alguns é uma estreia.


Mais alguns quilómetros e estamos a pedalar de novo junto à Linha do Sul, aqui coincidente com a Linha do Algarve. O passeio termina a olhar para a Marina de Faro, junto ao Jardim Manuel Bivar, às portas da Muralha que ladeia o centro histórico desta capital de districto.


   Vale da Ribeira de Quarteira. Algarve.


   Passadiços e ecovias entre Vale de lobos e Praia de Faro. Algarve.


   Passadiços e ecovias entre Vale de lobos e Praia de Faro. Algarve.


   Aeroporto de Faro. Algarve.


   Salinas junto ao aeroporto de Faro. Algarve.


   Obstáculos extremamente difíceis de transpor. Ecovia do Algarve.


Pernoitamos em Faro, tendo jantado de novo (já o tínhamos feito em 2021 na viagem a pedal pelo vale do Guadiana que terminou aqui) no Restaurante Adega Nova, que recomendo vivamente. No dia seguinte apanhámos o comboio InterCidades de volta para Grândola, onde tínhamos deixado os carros. Nota 20 valores para o revisor, que auxiliou com os tempos de saída na "vila morena", dando mais uns segundos para tirarmos as 3 bicicletas, o atrelado (que seguiu desmontado) e os 4 alforges. Ah! e os putos também.


Obrigado a todos os amigos que nos acompanharam nesta aventura, bem como a todas as pessoas maravilhosos que fomos conhecendo pelo caminho. Gentes do Baixo Alentejo e do Algarve serrano que amam a sua terra e tudo fazem para manter as suas comunidades vivas e não deixarem desaparecer costumes e tradições. Bem hajam !

 Boas viagens em bicicleta.

   P. Guerra dos Santos


 

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