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A 4 de Outubro de 2024 o Conselho de Ministros aprovou (finalmente) um pacote de mobilidade que inclui o Passe Ferroviário Verde. Para além das enormes vantagens para a mobilidade sustentável, esta é também uma oportunidade de ouro para o desenvolvimento do Turismo em Bicicleta no país, pois permitirá a qualquer pessoa viajar para grande parte do território continental transportando a sua bicicleta e assim pedalar por praticamente toda a Rede Nacional de Cicloturismo, Centros de BTT, Ecovias, Ecopistas e outras infraestruturas cicláveis, cada vez em maior número um pouco por todo o país.
Texto: P. Guerra dos Santos Revisão de texto: Dario Silva Fotos: P. Guerra dos Santos e Dario Silva
Comboio Regional de Vila Real de Santo António a Faro. Tem um compartimento com capacidade para 6 bicicletas. Linha do Algarve.
Passe Ferroviário Verde
Desde o início da década de 2010 que os comboios nacionais têm vindo a ser adaptados ao transporte de bicicletas. Dos comboios Urbanos aos InterCidades, passando por Regionais e InterRegionais, é hoje possível transportar este veículo amigo do ambiente dentro da esmagadora maioria do material circulante da CP, sem ter de o desmontar. Só os Alfas Pendulares não têm (ainda) essa capacidade.
Já em 2020 chegou o passe metropolitano por apenas 40€, que permite utilizar todos os meios de transporte nas áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa (e que inclui os comboios urbanos) sendo logo seguido pelo Passe Ferroviário Nacional a 49€. Este último, devido a uma série de limitações, não teve grande sucesso.
Chega agora finalmente um passe ferroviário verdadeiramente atractivo: por apenas 20€ mensais poderemos viajar em (quase) todos os comboios do país em carruagens de 2ª classe, durante 30 dias consecutivos. Bicicleta incluída !
Gare do Oriente e bicicleta em lugar próprio dentro de uma carruagem de 2ª classe de um comboio InterCidades de Lisboa a Évora. Linhas do Norte e do Alentejo.
De acordo com a CP - Comboios de Portugal "O Passe Ferroviário Verde é um novo título de transporte, válido na CP, para residentes em Portugal, que pode ser adquirido em qualquer dia do mês com a validade de 30 dias consecutivos e tem o custo mensal de 20 €."
O passe estará disponível já a partir de 21 de Outubro e pode ser carregado no Cartão CP, através das bilheteiras físicas ou electrónicas e máquinas de venda automática. O cartão pode ser adquirido em qualquer bilheteira física da CP e tem um custo de 6€ (3€ para crianças, jovens e jovens adultos até aos 23 anos) bastando levar consigo o seu cartão de cidadão.
A bordo do comboio InterRegional da Figueira-da-Foz a Valênça, em carruagem ARCO adaptada para o transporte de 8 bicicletas. Linhas do Norte e do Minho.
Assim, e de acordo com a empresa pública de transporte ferroviário de passageiros, será possível com este passe entrar em alguns comboios urbanos e em todos os comboios Regionais, InterRegionais e Intercidades em toda a rede ferroviária com serviço de passageiros.
Nos Urbanos (onde é possível) bem como nos Regionais e InterRegionais basta validar o Passe Verde nas máquinas de validação e a entrada no comboio é directa, sem necessidade de reserva de bilhete. Se levar uma bicicleta, claro, a entrada está dependente da lotação da carruagem e carece sempre da autorização do revisor.
Já nos InterCidades continua a existir a necessidade de "comprar" o bilhete, ainda que a custo zero, por forma a garantir a reserva de lugar para si e para a sua bicicleta. Se não o fizer, mesmo que tenha o Passe Verde válido, será considerado um passageiro sem bilhete e terá de pagar uma multa de 250€.
Um senão: o bilhete para os comboios InterCidades só pode ser adquirido com uma antecedência inferior a 24 horas. Na prática, só poderá adquirir um bilhete para comboio IC no dia anterior ao da viagem ou no próprio dia. A boa notícia é que pode fazer duas viagens diárias, pelo que um passeio de ida-e-volta no mesmo dia será possível com este cartão.
Por forma a ter uma melhor noção em que comboios este passe é válido, a tabela em baixo mostra-lhe os tipos de oferta de serviço de passageiros da CP e respectiva possibilidade de utilização deste novo e revolucionário passe.
* Nos Comboios InterCidades é obrigatória a "compra" de bilhete, ainda que tenha custo zero, por forma a garantir a reserva de lugar para si e para a sua bicicleta.
** Nos Comboios Urbanos o Passe Verde só é válido nos percursos fora das áreas metropolitanas.
O passe não será possível de utilizar nos comboios urbanos da Fertagus (comboio da ponte), visto estes estarem incluídos na Área Metropolitana de Lisboa e no respectivo passe que lhes dá acesso. Nos comboios Alfa Pendular e no comboio Celta (que faz a ligação internacional Porto-Vigo) este passe também não é válido.
Se ainda não conhece bem a rede ferroviária nem está familiarizado com o transporte de bicicletas dentro dos comboios, veja o Mapa da Rede Ferroviária com informação da capacidade para o transporte de bicicletas por linha ferroviária e por tipo de serviço.
Ainda com dúvidas? Veja as respostas da CP às perguntas mais frequentes aqui »
Turismo em bicicleta
Nunca foi tão barato viajar em Portugal de comboio. E apesar de a Rede Ferroviária Nacional ter perdido mais de 1000 km de carris devido ao encerramento de linhas levado a cabo desde finais da década de 1980, bem como centenas de carruagens e locomotivas desmanteladas ou vendidas ao desbarato para o estrangeiro, Portugal tem ainda cerca de 2300 km de ferrovia e tem vindo a recuperar material circulante que estava parado à anos. Acrescem ainda os mais de 100 novos comboios, eléctricos e híbridos, que estão encomendados para virem reforçar e modernizar a oferta de serviço de transporte de passageiros. Sem contar, claro, com os avanços (ainda que lentos) para trazer a Alta Velocidade ao país.
A bordo do comboio histórico Miradouro, que faz serviço normal de passageiros entre São Bento e o Pocinho. Uma das carruagens, da década de 1960, foi adaptada e tem agora capacidade para 12 bicicletas. Linha do Douro.
É por isso espectável que o Turismo em Bicicleta (e actividades como as caminhadas, as corridas em montanha e outras) venha a ter um forte crescimento, ganhando ainda mais adeptos desta forma divertida de viajar, contribuindo para a geração de riqueza das regiões que apostem na construção, manutenção e promoção de infraestruturas cicláveis, tais como Ecovias e Ecopistas. Estas últimas, curiosamente, a aproveitarem antigos ramais ferroviários desactivados que, não sendo espectável que voltem a ter carril, são excelentes pólos de atracção de visitantes para as regiões uma vez reconvertidos para mobilidade suave e turismo.
Alertam-se assim as entidades públicas tais como as Câmaras Municipais e as Comunidades InterMunicipais, bem como todos os agentes privados na área da hotelaria para não perderem esta oportunidade para trabalharem em rede e se promoverem como regiões cicláveis, mesmo que estejam afastados de uma estação de comboios, pois as viagens em bicicleta fazem-se em vários dias e etapas, podendo começar numa estação de comboios, passar por diversos locais mesmo que afastados da rede ferroviária e terminar numa outra estação de comboios.
Termino congratulando os decisores políticos da actualidade pela corajosa medida de incentivo à utilização do comboio como meio preferencial de deslocação.
Forte saudação também à CP e a todos os ferroviários pelo enorme esforço que têm desenvolvido nos últimos anos bem como pelo expectável aumento de trabalho que irão ter.
Boas viagens em bicicleta.
P. Guerra dos Santos
Para viajar em Portugal de bicicleta pode adquirir os mapas e tracks GPS da Rede Nacional de Cicloturismo, disponíveis aqui »
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