É o mais recente relatório elaborado pela Camere di Commercio per il Turismo e la Cultura (ISNART) em conjunto com a associação sem fins lucrativos Legambiente e que não deixa margem para dúvidas: o cicloturismo em Itália bateu todos os recordes em 2023.
Texto: P. Guerra dos Santos
Fotos: diversas fontes
Toscânia. Foto www.italcycling.com
Já sabemos há muito que o turismo em bicicleta é um dos sectores em maior crescimento no que toca à atracção de visitantes para as regiões, principalmente nas que apostam em infraestruturas cicláveis e na sua regular conservação. Mas graças a este relatório de Abril deste ano, temos uma muito melhor percepção do potencial que os passeios e as viagens em bicicleta têm para a geração de riqueza, tanto ao nível local e regional, como nacional.
Vamos então a algumas conclusões e curiosidades deste relatório, encorajador para todos os que trabalham ou desenvolvem actividade no sector do turismo em geral e no cicloturismo em particular, nas diversas vertentes que este tem (BTT, estrada, cidade, viagens e eBike)
Os passeios e viagens em bicicleta foram uma actividade praticada, só em 2023, por 55.6 Milhões de cicloturistas. Dos estrangeiros, 22% eram repetentes.
O impacte económico directo está avaliado em 5.5 Mil Milhões de euros.
1 em cada 3 cicloturistas afirma que escolheu determinado tour especificamente para ter uma ciclovia/ecovia/ecopista, de extensão longa e em muito bom estado de manutenção.
1 em cada 4 viajantes em bicicleta opta por percursos em "contexto ambiental sugestivo"
22,4% declaram ter escolhido o destino atraídos por uma nova infraestrutura ciclável, sinal de serem utilizadores apaixonados pela prática do cicloturismo, bem informados e que sabem valorizar as inovações (e portanto os investimentos) na oferta em infraestruturas dedicadas.
Cada cicloturista gasta em média 95€ diários na aquisição de diversos produtos e serviços tais como os passeios guiados, aluguer de bicicleta, hotéis e restaurantes, lembranças e outros. Este valor aumenta para próximo dos 105€ nos turistas estrangeiros. Valores bem relevantes, tento em conta que em Itália a média diária de gastos por visitante ronda os 60€.
76% dos cicloturistas inquiridos declaram estar num escalão salarial com rendimentos médios e médios-altos.
12% optaram por uma bicicleta com assistência eléctrica (eBike).
Monferrato. Foto www.italcycling.com
Este relatório salienta ainda os interesses e motivações que levam os turistas a optar por um passeio em bicicleta:
37% - Visitas ao património artístico e monumental
36.4% - Imersão em meio natural
24% - Experiências gastronómicas e vínicas
8% - Sensações relacionadas com o bem-estar
As novas tecnologias também são destacadas neste relatório, já que 6 em cada 10 cicloturistas utilizam a internet para recolher informação e planear as suas férias a pedal.
“O cicloturismo italiano tem crescido muito nos últimos anos" - sublinha o director da área de Investigação da ISNART, Paolo Bulleri - "também graças ao esforço de muitos empresários que puderam investir para oferecer experiências e serviços de qualidade, contribuindo para dar vida, inclusive economicamente, a muitas áreas do interior do país distantes dos fluxos turísticos tradicionais".
Podem ver o relatório aqui »
Num outro estudo divulgado pela Federazione Italiana Ambiente e Bicicletta (FIAB) há destaque para o comboio, já que se estima que mais de 70% dos cicloturistas chegam ao seu destino de viagem utilizando o comboio e mais de 80% consideram essencial poder transportar as suas bicicletas nos comboios e autocarros, mesmo quando viajam durante as férias.
Em Itália o ano de 2023 representou para o sector do turismo em bicicleta um aumento de 19% em facturação, comparativamente a 2019.
Carruagem CP - ARCO com capacidade para 8 bicicletas. Foto P. Guerra dos Santos.
Boas viagens em bicicleta.
P. Guerra dos Santos
Mapas e tracks GPS da Rede Nacional de Cicloturismo disponíveis aqui »
Comentarios